segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Busca Google Acadêmico: Câncer Coelhos

Bom, queria dar um respaldo ao meu último post, afinal, não é por que vocês não devem acreditar em mim que eu seja mentiroso... 

Então, continuando meu épico sobre pesquisas científicas e animais, gostaria de introduzir um tema no qual sou um grande especialista: Pesquisas sobre câncer utilizando-se de coelhos...

Como sugeri no post anterior, entrei no google acadêmico e digitei: Câncer Coelhos
E peguei o primeiro artigo que achei (vai la conferir, eu posso estar mentido)... E agora queria destrinchá-lo na medida do possível. No final acabei escrevendo um texto meio grande para um post, e sei que a maioria das pessoas não gosta de ler mais de dois parágrafos, então vou tentar resumir, espero que mantenham a atenção. 

Bom, eu li esse artigo completamente aleatório, que não faz parte da minha pesquisa e nunca vai me ajudar em absolutamente nada (acredito eu), e posso afirmar com absoluta certeza, de que compreendi cerca de 40% dele... Mas acho que é o bastante para provar um ponto. Ninguém quer ler essas pesquisas a não ser que esteja realmente pesquisando isso. Discutir um tema é fácil, ler as fontes, aí é que está o problema.

Vamos lá, o propósito aqui é apresentar o artigo e mostrar parte do que eu entendi... Ok? E como eu sempre digo, não acreditem em mim... O google é uma tecnologia simples, basta ser alfabetizado e saber usar a internet (e se você está lendo isso, aqui, já passou no teste!)...

A pesquisa que encontrei se chama "Resposta radiodosimétrica de implantes de sementes de biovidros radioativos no cérebro de coelhos". O que entender disso? Vai saber... Mas é pra isso que fomos alfabetizados...

O Artigo foi publicado em 2007 na Revista Matéria (no volume 12, número 3, entre as páginas 480-486). Os autores são Costa e Campos, do programa de pós-graduação em Ciências e Técnicas Nucleares, da UFMG. Para os parâmetros acadêmicos já não é um estudo muito atual, mas para os propósitos do post, está mais que perfeito.

O artigo

O artigo científico, para quem não conhece, começa com a introdução, onde será apresentado o tema da pesquisa, as lacunas do conhecimento atual e o objetivo da pesquisa que foi realizada... Bem, vamos então ao início: 
Os autores começam escrevendo que o câncer é uma "coisa ruim" (em outras palavras, obviamente) e que no Brasil, em 2006, tivemos 472.050 novos casos de câncer, sendo este o segundo maior caso de morte no país. Aí começam a introduzir o tema específico deles, o tumor cerebral. Sobre estes tipos de tumor, os dados estatísticos são escassos, mas que em 1990, foram responsáveis por 2% dos casos de morte por câncer (em todo o mundo).



Quanto às formas de tratamento, Costa e Campos afirmam que existe a intervenção cirúrgica, a imunoterapia, a quimioterapia e a radioterapia (sempre com referencias a outros estudos que explicam melhor esses tratamentos). O alvo deles, pelo que entendi é a braquioterapia, em que implantes de material radiotivo são "incorporados no leito do tumor". Pelo que entendi, nessa técnica, é colocado o material radiotivo dentro da cabeça do sujeito, o que garante um efeito mais direcionado sobre o tumor... (Mas não acreditem em mim, sou completamente ignorante no assunto...). E pelo que entendi do título essas são as tais "sementes", que podem ser temporárias ou permanentes. O problema deste procedimento é que os implantes são caros e podem acarretar em fibroses (o que é ruim, acredite...). MAS, o grupo de pesquisa deles (NRI/CNPQ) desenvolveu um novo material para solucionar estes problemas, são materiais que eles chamam de "biovidros", que são "bioativos", e se degradam com o tempo. 

E aí, chegamos ao objetivo da pesquisa (fica a dica: é sempre o último parágrafo da introdução...) que é: Avaliar as doses dos implantes de biovidros em modelo animal, com o intuito de avaliar a viabilidade desta alternativa no tratamento de tumores cerebrais. 

Ok até aqui, então vamos para os materiais e os métodos utilizados nas pesquisas. Por que isso é importante? Para explicar para outros cientistas da área o que foi feito e, assim, verificarem a validade do estudo e garantirem a replicabilidade do mesmo (ou seja, como fazer o mesmo estudo em outro laboratório, para validar ou refutar os dados que apresentam).
Bom, eles usaram o radioemissor Samário-153 (eu não conheço nada disso, mas estou aprendendo) e dão a justificativa para o uso deste material, descrevendo suas características principais. Já para o implante, foram escolhidas as sementes "biocerâmicas" (é diferente de biovidro? Não sei, tem que pesquisar mais, mas fica só a dica) compostas de.... Um monte de coisa que desconheço e, sinceramente, nem vale a pena entender para colocar aqui... Mas são bem pequenininhos... O que é importante né? Pra ninguém pensar que é uma bola de golfe ou coisa que o valha...

Quanto ao método, eles utilizam a técnica de simulação de Monte Carlo, que,  pelo que entendi em um a pesquisa porca no google, é um método de simulação de efeitos em uma vasta gama de variáveis, ou seja, ela foi utilizada para tentar mostrar todos os possíveis efeitos da variável que estão estudando. Segundo as referências que os autores dão, ela é utilizada na área deles para determinar exatamente as doses absorvidas em órgãos e tecidos em diversos tipos de procedimentos de braquioterapia. E eles observam isso por meio de tomografias computadorizadas.

E aí, só aí, que começa a parte onde a galera pira. Foi utilizado um (01!) coelho da raça Nova Zelândia, macho, pesando 2,5 Kg. Pelo que entendi o tumor foi induzido nesta cobaia para testar as sementes radioativas no tratamento deste tumor. E ai vem a parte em que ninguém deve acreditar em mim (e eu acredito porque eu acho que estou certo e se não achasse não estaria escrevendo...). Com a simulação adotada eles teriam todos os possíveis resultados no tratamento, ou seja, fazem o teste no animal e, além disso, fazem a simulação de tudo o que poderia acontecer (além daquilo que realmente aconteceu, é claro...) com este animal pelo modelo computacional. Ok até aqui?

Coelho da espécie Nova Zelândia. Só pra esclarecer, não foi esse o utilizado na pesquisa. Achei a foto na net. Este provavelmente já foi comid... Digo... Teve uma vida feliz e alegre e morreu dormindo em sua poltrona preferida... 

Bom, ai eu cheguei nos resultados e fiz o que sempre faço quando leio um artigo do qual não tenho a menor base para entender... Eu pulei... É, isso mesmo. Me processem.

Mas com esses resultados, os autores concluem que a simulação foi satisfatória para embasar suas hipóteses, de que os implantes apresentaram os efeitos desejados. No entanto, foram poucos implantes, e assim, incapazes de tratar um tumor (e isso eu acredito que eles já sabiam, mas essa é uma pesquisa inicial, e como sempre, as pesquisas começam do menor para o maior). E que nas próximas pesquisas eles vão tomar outras providências metodológicas que se aproximem mais daquilo que é necessário para o tratamento de tumores (mais implantes, menor espaço entre eles, etc...)

Não quero me alongar muito na minha discussão sobre o assunto e sobre o artigo. Meu intuito aqui é: leiam pesquisas científicas que se utilizam de modelos animais. Eu posso ter sido tendencioso e na minha busca coloquei câncer (que é uma doença apavorante para todos nós) e Coelhos (que, pra mim, causam menos furor que cães, por exemplo), mas façam suas próprias pesquisas. Busquem por: Cosméticos Cães; ou então: Analgésicos Gatos; ou: Pneumonia Primatas... Sei lá. Se possível, façam todas as buscas, mas leiam os estudos, e não apenas o que os outros dizem sobre a pesquisa com animais, não acreditem em tudo o que falam por aí (e nem por aqui). E outra coisa, não pensem que estudos com animais são apenas médicos, existem muitas pesquisas em animais sobre comportamento, uma área que entendo mais e pretendo discutir em outro momento.

Só pra finalizar, acho que essa pesquisa serve pelo menos para quebrar o mito do: Existem métodos alternativos para o estudo com animais. Como viram, eles usaram uma simulação computacional, mas isso NÃO substitui o uso do modelo animal, e sim, no máximo, diminui o número de cobaias, o que é fantástico, mas ainda esta muito longe do que muitas pessoas querem acreditar...

Abraços e até o próximo.

Referência: Costa, I. T. & Campos, T. P. R. (2007) Resposta radiodosimétrica de implantes de sementes de biovidros radioativos no cérebro de coelhos. Revista Matéria, v. 12, n. 3, pp. 480 – 486

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